sábado, 21 de agosto de 2010

Ode à manhã de Sábado...



"Manhã, tão bonita manhã/Na vida, uma nova canção..."

Muito já foi dito sobre o sábado a noite. Existe até uma música do Lulu Santos sobre esse tão esperado momento da semana "Todo mundo espera alguma coisa
De um sábado à noite/Bem no fundo todo o mundo quer zoar...". Eu gosto do sábado de manhã. A cidade ainda acordando, preguiçosa... o pouco trânsito; eu tenho corrido toda manhã em torno de 7h30. E a praça já está lotada. Tenho que ir desviando de senhoras levemente obesas, que contam suas histórias que, inevitavelmente, falam de genros inúteis e netos maravilhosos. E de como está caro isso e de como está boa a novela, apesar do Giannechini estar muito afetado. São trechos de conversas que ouço quando passo, pedindo licença desde uns dez metros antes. Sábado de manhã não! Sábado é vazio...um herói ou outro. Um bêbado ou outro. Nada de obras. A missa ainda não começou. No máximo um grupinho de rugby, capoeira ou danças folclóricas, a praça em que corro é ponto de encontro aqui no Texas...Taubatexas...

Saio de casa, oito horas mais ou menos. Poucos "transeuntes inocentes na avenida comercial, muito preocupados sem saber em que pensar" como diria o grande Raul Seixas. Não vejo preocupações nem caras sisudas. Por todos que passo, uma saudação quase sorrindo. E sigo para praça; dou minhas voltas. Nove horas mais ou menos, passo na padaria para o pão de sal, queijo, leite eventualmente. Aí sim. O sábado começa a parecer mais com o sábado do Lulu: Padoca lotada. Fila do pão. Conheço já as moças que trabalham ali. Então já nem peço; elas vão pegando. Mas o sábado começa a esquentar.

Aproveito a manhã, na corrida, para pôr meus pensamentos em dia. Em geral acabo viajando e quando vejo estou dividindo o palco com o Paul McCartney cantando "Corcovado". Pois é, eu sou assim, viajo. Mas me serve bem por dois motivos:
1- Não consigo correr com Ipods e afins, a música é muito importante para mim e posso acabar me distraindo e perdendo velocidade ou ficando preguiçoso.
2- Nessa viagem, acabo não vendo as voltas passarem. E me fecho no meu mundo. Não penso na agenda da semana nem nos problemas, que são como cachoeiras: quando são alimentados vêm forte, na seca, viram fios, mas nunca deixam de correr (ou cair no caso).

Sábado de manhã é demais: Não ligo para a noite de sexta. Durmo. Quero meu sábado de manhã. Quero acordar cedo e ver pouca gente. E os que eu veja, que estejam felizes. E, felizes, me cumprimentem. E sigam seu caminho. Sem olhar para trás. Gosto de preparar cedo o almoço. Adoro fingir que sou um cozinheiro catalão fazendo um prato espumante que dura dezessete segundos para ser degustado enquanto cozinho meu prosaico arroz com brócolis(adoro brócolis). Almoço feliz. Descanso e vou para minhas duas horinhas de trabalho no sábado. Mas a minha gloriosa manhã já acabou quando volto. Não me importa. A tarde de sábado eu deixo vocês todos curtirem. A manhã é minha. Só minha. E dos transeuntes inocentes. Dos bêbados atrasados. Dos grupos folclóricos e de capoeira. Mas só nosso. E duvido que eles curtam tanto quanto eu.

Beijos e abraços

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Os melhores trechos de músicas brasileiras.


Ando meio preguiçoso no escrever. Principalmente quando leio gente que escreve infinitamente melhor, mais bonito, mais bem pensado...
Isso sem falar dos outros. Dos melhores que os melhores. São os meus trechos favoritos de letras de música brasileira. Ai vão:

"E quando você me envolver
Nos seus braços serenos eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo que um raio de sol
É... Lígia Lígia" Tom Jobim
A melhor versão dessa música é essa: http://www.youtube.com/watch?v=4OWV1fmN1Oc

"Pena de Pavão de Krishna, maravilha, vixe Maria
Mãe de Deus, será que esses olhos são meus ?" Chaetano Maloso

Curto o som das palavras, só para que entendam a rima é "maravilha" e "vixe maria".
Vejam ela: http://www.youtube.com/watch?v=qoJ-AUi2GXs

"A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor"

Som e Rima, Chico na veia!: A letra é demais e sem querer descobri esse vídeo absolutamente hilário: http://www.youtube.com/watch?v=iz7hSqsk0Jw

"...Eu vou ficar tanto pior
E o que é que eu posso contra o encanto,
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos,
Que num álbum de retratos
Eu teimo em colecionar"

Chico e Tom

Versão que eu mais gosto: http://www.youtube.com/watch?v=UEd10G_qRZE

"Foi um tempo que o tempo não esquece
Que os trovões eram roncos de se ouvir
Todo o céu começou a se abrir
Numa fenda de fogo que aparece
O poeta inicia sua prece
Ponteando em cordas e lamentos
Escrevendo seus novos mandamentos
Na fronteira de um mundo alucinado
Cavalgando em martelo agalopado
E viajando com loucos pensamentos"

Zé Ramalho: http://www.youtube.com/watch?v=a4-jdD3i6AI (PS: Desencanem do vídeo, escutem o som com outra tela aberta, hehehe)

"Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!...
Tudo estava igual
Como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei!..."

Não poderia faltar. o Rei: http://www.youtube.com/watch?v=zbOuI5hv2yo
O cara é demais. Acho a voz dele, tanto afinação quanto timbre, simplesmente maravilhosa.

"É! Talvez eu seja
Simplesmente
Como um sapato velho
Mas ainda sirvo
Se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio
Dos seus pés..."

Pois é. Eu gosto de Roupa Nova: http://www.youtube.com/watch?v=WDqJrfL0N1k QUE VOCAL!!!

E é isso aí!

Beijos e abraços.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por que emigramos?


Como diria o comercial daquela famosa cerveja(com voz cavernosa): Boaaaa perguntaaaa!!!

Eu não posso falar por todos, mas eu conto o porquê...Desde criança, eu adoro mapas. Sempre fiquei viajando no Atlas, indo de um país para o outro, de vez em quando jogando uma bomba (sempre de lápis para poder apagar depois)...você há de considerar que vivi o fim da Guerra Fria. Mas uma coisa que durou tanto não se apaga de uma hora pra outra. E além do mais, menino sempre tem esse lado meio destruidor. Enfim, adorava mapas.

Quando tinha 13 anos, fiz um intercâmbio de um mês para a Flórida. Já foi bem legal, andar naqueles ônibus amarelos de filme, ir para a Disney... E sempre viajei muito com minha família. Ao terminar a faculdade, vivi seis meses em Salamanca, Espanha. Depois, Rio de Janeiro. Logo São Paulo novamente (cidade onde fiz faculdade). Fui então para Madrid, NY, São José dos Campos (6 meses), depois Memphis e por fim Dublin. Moro agora em Taubaté.

Essa minha segunda fase de viagem, pós-Salamanca, foi altamente influenciada pelo livro "On the Road" do Jack Kerouac. Isso me deu o empurrão necessário. Depois na Espanha, Bob Dylan me levou a morar a 15 minutos de Manhattan, além de estar ao lado da minha prima Vanelson querida! Sempre pensei na foto do início desta postagem: ele com uma gata do lado andando contra o frio em NY, do álbum The Freewheelin' Bob Dylan. E fui. Para Memphis foi a solução depois de um tempo no Brasil. Logo para Dublin foi para ficar perto da minha irmã e minha afilhada linda, Beatriz.

Por que os conto isso? Para dizer que antes de escolher essa ida ao Canadá, de preferência a Toronto, eu sempre me aventurei. Tirando a vez em Memphis que fui com trabalho e tudo, foi tudo meio no susto. Agora não. É um caso mais que pensado, mais que decidido. Pesquisado e analisado. Depois de tantas viagens percebi que não vou porque quero viver novas experiências. Vou para viver no Canadá, não para aventurar-me. Claro que as novas experiências estão no pacote. Mas são conseqüências de quem emigra.

Beijos e abraços

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Fernando Pessoa




Olá!

Estava eu lendo aqui,tranqüilamente, uns poemas de Fernando Pessoa quando me deparei com esse:


Adiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir..

De um de seus heterônimos, Álvaro de Campos. Não que tenha nada a ver comigo, nem que não tenha. Eu só achei uma boa postar aqui para a galera; ando correndo muito e trabalhando como um dog. Por isso pensei que uma pausa para um poema de Fernando Pessoa e uma bela paisagem de Portugal (país que adoro), cairiam bem.

Beijos e abraços