domingo, 17 de julho de 2011

Por que Gaivotas a mil quilometros do mar?

Meus caros:

Sigo sem acentos e dessa vez escrevo um pouco de ficcao para uma variada.

Por que gaivotas a mil quilometros do mar?

"Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando...."

Som do MP3 numa caminhada apressada. A leste, toda a America. A oeste, perto, as Rochosas. Nunca estivera tao proximo do Oceano Pacifico. E toda sua frieza e imensidao. Mas que nao deve ser maior que a de outros oceanos em outras latitudes. Quando so se enxerga imensidao nao ha como medir tamanho. O ceu tem o mesmo tamanho do alto-mar... ocupa tudo que se ve.
Descendo as estradas de cascalho, olhava para tudo em volta e para frente. Quanto tempo mais para ver o oceano? Apesar do verao o vento soprava constante; fresco no sol, quase frio na sombra. Agradavel sensacao. Mais uma beira de estrada, conversas pequenas com gente de todos os lados. Indo e voltando. Ficando por um tempo. Nesta parte do mundo as coisas parecem assim. Pouca gente passa a vida no mesmo lugar. Todo mundo veio, esta ou vai para um lugar diferente de onde nasceu.

Mais uma rodoviaria,

"Os pisos das estações rodoviárias são exatamente iguais no país inteiro, sempre recobertos de baganas e catarros, e eles provocam uma melancolia profunda que só mesmo as rodoviárias poderiam possuir",

lembrou de Jack Kerouac e investiu em mais uma tentativa de rumar ao Pacifico. Coisa que tambem atormentou o escritor beatnik americano por um bom tempo. Obladi- Oblada explodia no ouvido e teve que pular de musica. Nem sempre a gente se sente obladi-oblada por ai. Podia ouvir algo mais denso, trocou para Bob Dylan e em tres minutos ja tinha desligado o som. Poderia ser perigoso andar por ai ouvindo tanta rebeldia. Era melhor ouvir as gaivotas chiando, nao sabia-se como, a mil quilometros do mar. Agora apenas 12 horas de onibus o separavam das verdadeiras gaivotas, com certeza menos agoniadas que as daqui.

Na rodoviaria, tomou alguma coisa rapidamente enquanto via o garcom ensinando como entornar cerveja no copo sem toca-lo. E entrou no onibus com rumo ao Oceano Pacifico. Infindaveis horas de dorme-acorda-para-come e essa absoluta falta do que fazer dentro de um onibus que nao nos deixe mareado ou acabe rapido com a bateria. Parada obrigatoria na fronteira. A mesma ladainha e nenhum problema. Chegou pela primeira vez a Costa Oeste. E rumou em direcao ao mar. A cidade nao interessava, ja nao olhava tudo ao redor. Na cabeca so a imagem da imensidao. E correu em direcao ao metro. Nao reparou nada, a visao ja ofuscada pela antecipacao do azul escuro que tantas vezes sonhou nas fotos.

Na saida do metro, pediu informacao saiu pelo portao sul, correu mais uns cinco quarteiroes e dobrou. Viu a faixa branca que dava no sonhado azul. E a beleza do Oceano Pacifico. Rapidamente, correu ate primeira palmeira disponivel. Pegou o pequeno canivete - escondido e vitorioso, tendo passado por diversas fronteiras- e habil e furtivamente escreveu:

"No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando"

Na esperanca de que quando ela passasse por ali, soubesse que o mundo era todo dele.

sábado, 2 de julho de 2011

Raulzito...



Pois hoje eu decidi escrever sobre coisas diferentes.

Desde pequeno, com meu som estereo da sanyo comprado se nao me engano nos Estados Unidos, de repente por mim mesmo, eu ouvia Raul Seixas. Nao sei como foi que comecou, mas creio que foi quando crianca ouvindo plunct-plact-zum e depois sei la como, mas ja desde o primeiro colegial ja ouvia. Meu pai tambem ouvia e gostava muito, mas nao lembro se ele comecou a prestar mais atencao depois que eu comecei a ouvir ou se vice-versa. So sei que passei meu colegial ouvindo a mosca no meu quarto a zumbizar, pensando no fim do mes andando pelos quatro cantos do mundo procurando, conhecendo o novo aeon, olhando o trem como as pedras imoveis na praia. E ate bem no meio da faculdade, junto com Beatles, era so o que eu ouvia.

Dia 28 de junho foi aniversario do Raul. Ate hoje tenho uns 12 cds do cara. Aqui comigo, em Edmonton. Nao ouco nunca. Mas nem precisa. Sei de cor 87% das musicas do mestre Raul Seixas. E agora toco umas outras tantas. Mas, cada vez mais, comeco a pensar que nada pode ser melhor que a espera por um disco novo (comprar mesmo, ate cd ou cassete, mas nao "baixar", dar um "download"), e depois ouvir ate arranhar. Eu fiz isso com todos, quase. So um ou outro que eu ouvi menos na epoca, depois viraram meus lados b perfeitos por mais uns anos. Fora os 3 ou 4 livros que eu li sobre ele.

"Você que não se deixa delirar com a lua mãe

O sol que brilha nela e que a promessa é tua luz

Enquanto os transeuntes na avenida comercial

Muito preocupados sem saber em que pensar..."

"Você está no mundo, só tem uma opção

O caminho é longo, homem

Ser feliz ou não

Queimando a consciência e a sequencia que ela traz

Momentos diferentes que confundem a tua paz.."


Raul Seixas. Quando eu trabalhava na TV Cultura eu pude dedilhar o primeiro violao do Raul, levado pelo Sylvio Passos, presidente do Fa-Clube e Raulseixista profissional. E alem disso me vesti com a capa e o cetro que ele usava nos shows. Foi um dos meus momentos mais emocionantes na TV Cultura. Isso e ver o Duofel tocando "Norwegian Wood". E o Tom Ze e o Sepultura. Bom, de qualquer forma, era isso que queria relatar. E homenagear o grande Raul Seixas.


So uma rapidinha: Eu tenho assistido o futebol feminino e eh muito massa. Tem algumas jogadoras bem talentosas, mas de vez em quando parece o futebol nosso da 8a serie; 8 pessoas na bola, chutando de um lado pro outro, chutes do meio campo que o goleiro (no caso goleira), franga, e de repente a Marta, que parece estar em outra dimensao. Corre o dobro, chuta melhor, e dribla mais que 3 outras juntas. Ela jogaria tranquilamente no lugar do Kaka no Real Madrid.


Beijos e abracos.