sábado, 18 de agosto de 2012

Encontros e Despedidas...

É amigos, assim é a vida; nos preparamos pra algumas coisas e vem a roda viva e leva nossos planos pra lá.... Enfim, os projetos mudam, os destinos mudam e, quando menos esperamos, estamos felizes em outros lugares. Dessa forma, esse blog não faz mais muito sentido. Mas como para nós, escribas amadores, escrever pode ser necessário, criei esse novo blog: http://textoscronicasecontos.blogspot.com.br/

Nele, pouco falarei de mim ou de projetos e informações. Serão mais textos, crônicas e contos e divagações. Espero que uma pequena parte dos 5.102  visitantes do Projeto Toronto (um número, bom, né não?) se interessem em ler o Crônicas, contos e outras desventuras literárias... Eu sei que textos objetivos atraem mais leitores que subjetividades, mas quem sabe....

Obrigado aos leitores do Brasil, Portugal, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Rússia, Irlanda, Eslovênia e França (meu Deus, o poder da Internet é sempre algo assustador). Fico na torcida por aqueles que têm um projeto...levem-no até a última conseqüência. Embora saibamos que, muitas vezes, o que buscamos está mais perto do que pensamos e que tenhamos que ir longe pra descobrir que nosso lugar é onde começamos a viagem, sem tentar e investir, não dá para saber se vale ou não a pena!

Abraços e beijos. Nos vemos no Crônicas...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Dois poeminhas.... bobinhos mas meus...hehehehehe

Na rabeira do amanhã

Amanhã, viveremos o livre. O leve. Amaremos a love solto, sem medo do depois…
Amanhã, seremos o tudo, com medo do nada, explorando o futuro.
Amanhã, faremos o que quisermos, correremos a esmo, tentaremos mais um.
Amanhã, estaremos prontos, desarmados até os dentes, loucos pelo porvir
Amanhã, doaremos o que não possuímos, em prol dos que já não têm
Amanhã, venceremos. Viremos, veremos e teremos a resposta.

Amanhã, só amanhã.

Por enquanto, temos o hoje; não tão límpido, guerreiro porém ferido
Por enquanto, temos o hoje; sofrido, contente na miséria paralela
Por enquanto, temos o hoje; sujo, mal lavado, roto e esfarrapado
Por enquanto, temos o hoje; carentes de carradas de razão
Por enquanto, temos o hoje; felino e sorrateiro, fugaz na noite
Por enquanto, temos o hoje; não é o melhor, mas é o que temos

Hoje. Ontem não tivemos.

Ontem, não podíamos pensar
Ontem, não podíamos escrever.
Ontem, não podíamos sorrir.
Ontem, não podíamos cantar
Ontem, mal podíamos amar
Ontem, mal podíamos viver.
O hoje, descrente, nos prepara para o belo amanhã.
Mas temos que trabalhar nele, o hoje.
Para que não vire o Ontem sem poder nem sonhar o Amanhã…

Preso em um nuvem....

Dentro da imundice e dos recantos mais obscuros do meu cérebro, teço palavras
Entrecortadas, mudas, cínicas, graciosas, grotescas, cheias de rancor e amor
Dentre o muito pouco que se resta, a terra úmida pronta para ser lavrada
O sentir do sangue na veia, pulsando ao sol de setembro, saciador

Quero que a vida entre a toda proa, e que junto com o sol, me leve à lembrança
Do ventre macio e suave, de toda leveza do seu ser, suas reentrâncias, ancas nuas
Dormir sorridente, acomodado no seu tenro interior, quando teu esplendor me alcança
Sonhando, ronronando e puídos de tanto sermos, gritando ao vento na rua

Voltarei no fim da tarde, ao umedecer do orvalho, gota cinza, cobre-luz
Fecharei meu infinito, ao redor do impossível e no interior profundo, sondar
Agarrar meu destino com os incisivos, imerso em fogos e cravos nus
Sem demora, sigo seco, longe enxergo sem, nem por segundos, recuar

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Tempo

"És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo..."

Uma das minhas músicas favoritas do "Chaetano". Esses dias recebi um comentário em um vídeo meu. Nele diziam: Parece ser frio, mas deve ser uma aventura morar no Canadá.
Fiquei matutando com minhas abotoaduras; essa semana completo 9 meses aqui em Edmonton. Com o tempo, tempo, tempo, tempo, a aventura vira cotidiano. O que era novidade, do sol morno de fim de tarde no verão, ao vento de outono, o frio pesado ou suave, com muita ou nenhuma neve. Tudo isso vira dia-a-dia. Tudo vira rotina. Até para quem experimenta a aventura diária, tudo passa a ser rotina. O ser humano precisa de rotina. Organização, por mais que pareça caótica, é fundamental na vida.

Com o tempo (repita três vezes mentalmente), logicamente, tudo se assenta; o tempo cura, apaga, dilui...põe em perspectiva. A análise muda com o passar da vida. Nenhuma novidade. O curioso para mim é que, coincidentemente, ao redor dos 9, 10 meses, já está bastante definido e estabilizado. Será que só eu é que preciso de menos de um ano para saber "oncotô poncovô"?

Em 10 meses de Dublin já sabia que a Irlanda não era pra mim. Em pouco menos de 9 meses de Brasil, percebi que não era lá que ficaria. Em Memphis, na décima lua cheia, percebi que o Tio Sam é legal, aquele recôndito do Tennessee é que não era... Ok, precisei de 5 só pra perceber que em todas as minhas vidas passadas nasci em Nova York. Sim, pelo menos nas 9 últimas... E vim nascer em São José dos Campos nessa. Karma is a bitch, já diz o poeta. Mas sério. Eu não sei como é a rotina em NY; só tive tempo de me apaixonar e assim permanecer... Quem sabe em mais cinco meses eu me desiludiria. Duvido. Mas não deu para julgar.

"E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo..."

Minha parte favorita!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Divagações



O inverno aqui está sendo extra-ameno. De acordo com números e histórias, está mais de 15 graus mais quente do que costuma ser. Isso é obviamente excelente. Penso que é uma maneira que o destino bolou de me fazer sossegar em um país, e me sentir bem nele. Eu pensava que o temido inverno fosse ser tenebroso. Está sendo ótimo. Eu juro, eu sentia mais frio em Campos Novos de Cunha-SP que aqui. Tá certo que tenho roupa apropriada. Mas não quero saber; no fim não importam os instrumentos, parafernálias, aparatos. O que importa é sentir-se bem.

Os dias voltam a ficar mais longos. Nem tive problema com a escuridão... Já amanhece às 8h30 e escurece 5h30 da tarde. Normal, sem nada de mais. As pessoas adoram fazer drama. E ninguém nunca está satisfeito com o que tem. As 2 semanas de frio que tive aqui foram realmente doídas. Mas sobrevivi sem nenhuma consequência; nem uma gripezinha sequer. E continuo andando a pé por todos os cantos. O frio não é impedimento.

O que leva alguém a sair do seu país? Muitos que me conhecem ou que têm amigos pelo mundo se fazem essa pergunta. Eu tenho uma série de razões práticas: segurança, educação, saúde, civismo, desenvolvimento, oportunidades, salário.
Mas tenho também um ponto emocional muito importante. É realmente difícil ficar longe de quem a gente gosta e de quem gosta da gente. O negócio é que quando se está fora é que temos a medida exata de quem são nossos amigos de verdade e quem da família sente realmente nossa falta ou que realmente se importam conosco. Ao fim e a cabo dá pra contar nas duas mãos. No máximo. Caso tenha sorte. Em geral nos dedos de uma das mãos (ou patas, caso você seja um animal).

Outro sentimento fantástico que se tem morando fora é de independência. E liberdade. No nosso país, vivemos restrito à nossa vizinhança, trabalho, academia, clube. Conhecemos gente e vemos rostos familiares com certa constância. E o brasileiro tem mania de dar e pedir satisfação. Fora do nosso país, ninguém nos conhece, não são da mesma cultura. Portanto ninguém tá nem aí. E você pode viver relaxadamente, sem se preocupar com o que os outros pensam. Ninguém pensa nada. O respeito à individualidade realmente existe.

Agora, você tem que aguentar o tranco de ficar longe. Ficar longe de quem realmente gostamos é difícil demais. Dolorido e chato. Saudade é um sentimento escroto, pra resumir sem exageros ou polidez. Esse é o único senão e porém. Contudo, a tecnologia skype, ligações baratas e de qualquer lugar, e até skype no Iphone diminuem as distâncias. Mas não acalenta ou substituem um abraço. E isso é muito complicado.
Saudade da praia, calor, comida? Tenho não. Ainda não.

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem..."

Com Guimarães Rosa, despeço-me.

Beijos e abraços