quarta-feira, 6 de abril de 2011

O bagulho é louco mas o processo é lento....


Pois é gente...Eu achei que demoraria, eu achei que seria enrolado...mas nunca pensei que seria tão lento nem tão enrolado. O processo federal tudo bem, já esperava...mas o visto provisório...Deus do céu que demora. O fato de eu ter morado em três países diferentes complica no quesito certificado de antecedentes criminais. Não que eu fosse um terrorista lá fora, mas é difícil requerer. E um eu não consegui, o espanhol. Os nossos governos (brasileiro e espanhol) não conversam bem, a embaixada brasileira na Espanha é inútil e a polícia espanhola, como o perdão pela palavra desagradável, escrota. Eu tive que escrever uma carta dizendo os motivos pelos quais não consegui o maldito atestado. Mas fiquei tranqüilo como um grilo, quando soube de uma assessora de imigração que trabalhou por 14 anos no setor de visto do Consulado Canadense, que nunca viu um brasileiro conseguir tal atestado espanhol. Meno male. Sigo na espera. Ao que tudo indica agora, só falta um documento da minha esposa chegar e já era. Esperemos. Já estive muito na expectativa. Agora como diz aquele pagode medíocre daquela banda de sétima categoria, o negócio é deixar acontecer naturalmente... E não mais ficar na ânsia da ida. Tudo indica que em maio eu vou. E logo a seguir, vai Débora.

Não aguento mais o Brasil. Aos meus amigos, fiéis leitores (será que ainda estão por aí?) que me desculpem. Mas eu simplesmente não consigo mais morar neste país. E se nada der certo e eu tiver que morar aqui, muito infeliz ficarei (como diria Mestre Yoda). Não aguento a bagunça, a falta de respeito, educação e civismo. E isso porque moro em uma das cidades mais desenvolvidas do Brasil. A economia vai bem, obrigado. O Brasil está crescendo. Mas daqui a 20 anos deve começar a ficar decente. Quem nunca saiu do Brasil pode ser que discorde, brigue, não aceite. Mas quem já passou mais de um mês em um só país desenvolvido (20 países em 18 dias não vale), sabe do que eu estou falando. A falta de educação e civismo é endêmica nesse nosso país. Aliás, tem gente que diz: Como você vai conseguir viver fora do "seu país"? E eu respondo: o que o meu país fez por mim? No que me ajudou? A educação foi gratuita? A segurança idem? Médicos excelentes a custo zero? Ajuda para buscar emprego ou financiar estudos? Nada. Eu amo ser brasileiro. Amo muitos brasileiros. Mas com perdão do meu português esculachado, eu estou cagando pro Brasil.

A minha pátria é a minha língua, como diria Fernando Pessoa. Eu tenho orgulho da cultura e música do Brasil (as verdadeiras, não os Paulos Coelhos e Ivetes Sangalos da vida). Tenho orgulho do cinema (a mesma situação acima). Tenho orgulho da capacidade do povo de sorrir diante das mazelas e da nossa simpatia . Mas do país em si, não tenho nada que me orgulhar. Ainda. Penso que estamos no caminho certo. Mas sem uma política pública que realmente valorize a educação estaremos fadados ao insucesso. Outra coisa: a idéia do governo de usar o dinheiro do petróleo como uma espécie de poupança para o povo brasileiro, pode ser a nossa única saída. Os políticos pilantras e nojentos do congresso (principalmente os do Rio de Janeiro, maiores interessados), querem royalties para fazer mais obras para agradar a massa medíocre. Para quem está por fora, a Noruega faz a tal "poupança" e o dinheiro que tem é do rendimento dessa "poupança", exatamente como quer o nosso governo. Países decentes fazem isso. Se o congresso ladrão brasileiro vencer essa queda de braço e distribuir o dinheiro para os Estados (leia-se governantes ladrões), aí é que eu não volto nunca mais a morar no Brasil (aquele "nunca mais" teórico, de raiva que pode sempre mudar, mais que a média, eu sou uma metamorfose ambulante).

É isso. Um pouco de desabafo, um pouco de raiva da situação e da ansiedade monstra que eu estou vivendo. Mas eu penso tudo isso mesmo que eu descrevi aqui. Claro que quando moramos fora, dá aquela saudade do "Brasil". E nunca, nunca eu falo mal do Brasil quando estou fora. Falo das maravilhas, do povo e de tudo. Não existe nada mais feio que alguém falar mal do seu próprio país quando fora. Mas o "Brasil" que eu sinto falta é o meu Brasil. Minha família, meus amigos, meu Santos. No mais "Meu endereço é o sítio estrelado de norte a sul/Ele muda a cada estação/Na boca do sertão, na varanda do seu olhar/Onde estou, a minha casa está", como diria Samuel Rosa.

Beijos e abraços