quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Que bom que está nevando!



Sério.
I mean it!

De verdade. Porque uma vez que neva, é melhor que siga assim....quando a neve derrete e não está quente o suficiente (tivemos 7 graus positivos e ainda assim...), a neve se transforma em gelo negro. Você não o vê. Para tomar um tombo é fácil.... Por isso comemoro o retorno da neve. E não se engane, vem mais insanidade por aí....

Gosto do inverno. Gosto de ver tudo branco, as árvores peladas, só os pinheiros, humilhando os outros representantes da flora neste lado do mundo, seguem verdes. Eu gosto mesmo. Tem gente que vai rir. Outros duvidar. Mas eu peguei aqui, duas semanas atrás, sensação térmica de -30 graus. Isso mesmo, 30 graus negativos... E digo: dá pra levar. Com a roupa certa, leve mas protetora, com luva e gorro, é possível andar uns 15, 20 minutos fora, sem problemas. o povo segue vivendo com esse frio. Não digo que é uma delícia. Mas dá pra levar...

Uma delícia é -5 sem vento. Até -10 sem vento é de boa. Eu, quando está -1, -2, saio sem luva, de jaqueta mais leve e uma blusa de lã por baixo. E, mesmo com -30, não usei long john (ceroula aí no Brasil). Eu acho que nasci pra esse frio... O dia dura pouco também. E isso não me incomoda. São 8 horas diárias de luz. E pra mim tá bom. Eu trabalho as 3 da tarde por isso curto quase o dia com sol todo, escurece 4h30...

Pois é, vai ter gente que me pergunta: O que raios você está fazendo aí nesse frio?
Emprego, salário, condição de vida e saúde pública. A soma desses elementos faz Alberta atrativa.

Aqui as taxas de desemprego estão entre as menores do país. Caso você venha passar um ano por aqui, quer só fazer um dinheirinho e viajar a beça (Las Vegas são 4 e meia horas de vôo, assim como San Fran, Vancouver uma hora e meia, as belíssimas Rochosas horas de carro de distância, NY 6 horas), os salários aqui são bem mais altos que na Costa Leste. E não faltam empregos, principalmente no setor de serviços; hotelaria, lojas, restaurantes, bares e até mesmo se você tem alguma especialização técnica, dá pra ganhar boa grana mesmo. Aqui em Edmonton, se você tem algum diploma técnico é garantia de 30 a 40 dólares por hora, pelo menos... O que dá, já livre de impostos, uns 5 mil dólares por mês. O que aqui é uma grana legal. Dá pra pagar um aluguel de um apê legal de 2 quartos por uns 1200 dólares por mês. Aí você faz as contas: internet e tv a cabo 60 dólares, iphone 70 dólares, compras 300 dólares, luz uns 70. Gastos fixos de quase 1800 dólares...pra descontar de 5 mil... Dá pra economizar bastante e fazer uma bela grana. É um dos últimos lugares da América do Norte que dá pra fazer isso.

Mas se você quer só curtir, trampar num bar e ficar de boa, também dá. Num bar mais ainda, dá pra encher o bolso de gorjeta. Mas se você quer mais sossego ainda, trabalhar numa loja dá pra tirar 13 dólares por hora, fora comissão. De repente uma loja na descolada Whyte Ave, morando por lá mesmo, perto da Universidade (uma das 3 melhores do Canadá), de repente um curso por lá. São inúmeros e de excelente qualidade. Até pra quem quer dar uma melhorada no Inglês. E nem é tão caro...

Pois é. Health Care. A tal saúde pública. Considerada por muitos, a melhor do país. Eu posso realmente sentir isso. Estamos usando o sistema público aqui com bastante frequência e temos tido excelente e rápido atendimento. Com a Débora grávida estamos vendo que as coisas aqui realmente funcionam pra quem quer ter filho. Só elogios por agora em relação aos médicos e exames pedidos e realizados.

Sabe aquelas propagandas tipo: Vem pro Rio... Ou Sorria, você está na Bahia. Ou ainda, Descubra Maceió...Pois é, se pudesse eu faria uma campanha: Descubra Alberta. E venha, porque não é o melhor mercado de empregos da América do Norte a toa...

Beijos e abraços

terça-feira, 4 de outubro de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Consta nos astros, nos signos, nos búzios...


"Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas
Eu fiz uma tese, eu li num tratado, está computado nos dados oficiais
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz"

Essa letra é da música "Dueto" do Chico Buarque, num vídeo imperdível do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=Kye_O-l6uMc

Isso posto, segue o novo texto do blog:

Ah, se eu fosse dono do mundo....

Queria ser o dono do mundo.... Não o dono no sentido de administrar uma propriedade. Mais no sentido de ditador mundial, escolher tudo o que pode e o que não pode.... Sem paranoia de maltratar as pessoas, nem eliminar essa ou aquela etnia (pra isso já houve muitos seres asquerosos que quiseram impor suas "raças" sobre outrem), queria apenas introduzir o meu gosto como uma espécie de status quo.... E só por uns dias, só pra me divertir!

Como primeira ordem eu baniria toda música que tem como nome composto "universitário", pagode universitário, sertanejo universitário, Djavan universitário (Jorge Vercillo), e afins. Quer dizer, junto com Axé, funk carioca, brega e coisas do gênero, só poderiam ser ouvidos por gente solteira que assinaria um documento dizendo que só vai a esse tipo de show para paquerar... Pra ouvir em casa a pessoa teria que assinar um atestado de "portador de deficiência musical". Aí sim. Mas se fosse pego ouvindo um Chico Buarque, Caetano, Tim Maia, Beatles, Rolling Stones, ou mesmo Skank, Paralamas, Queen, ou algo pop de poder e com um sentido maior do que fazer gente pular e suar, seria multado.

Segunda ordem; Novelas que estão no ar: canceladas! Imediatamente. Para serem veiculadas teriam que ter atores formados, textos que não afrontassem a inteligência do espectador e efeitos especiais que fossem, pelo menos, um nível acima do tosco. E Gabriel Nunes Braga e Suzana Viera só poderiam servir café pra atores de verdade. Que seriam recrutados nas escolas de teatro reconhecidas do Brasil. E o teatro seria incentivado, a custo popular, com empresas bancando seriamente o espetáculo, como lei, com incentivos fiscais sim, mas obrigando a grande empresa a bancar a cultura do país.

Terceira ordem: Cancelamento imediato da Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil.... Ahhhhh, gritos, desespero.... Eu sei, eu sei. Enquanto não estivessem sendo feitas obras de infra estrutura sem superfaturamento, investimentos no entorno de cada cidade sede, tudo seria cancelado.

Quarta ordem: Todo ( eu disse TODO) dinheiro do pré-sal seria investido em educação. Sem mais.

Quinta ordem: Todos os países corruptos do mundo seriam geridos por empresas autônomas independentes, com forte fiscalização em toda a esfera municipal, estadual e federal. O congresso brasileiro, por exemplo, seria onde os administradores se reuniriam.... E Paulo Maluf, José Serra, Sarney e todos esses outros que conhecemos bem, seriam aposentados, sem direito a pensão.

Sexta ordem: Seria proibido, com direito a pena de exclusão da sociedade todo tipo de preconceito, malandragem, cinquenta reaizinhos pro guarda, maltrato a animais, mulheres, pessoas idosas e minorias em geral. Julgamento no mesmo dia e xilindró!

Sétima ordem: Livros: Obrigatórios. Todo cidadão seria obrigado a ler um livro por mês, no mínimo. E livro de verdade: Dan Brown, Paulo Coelho, Marley e eu, coisas do gênero seriam liberados, mas como extras não como leitura principal. E deveriam estar nos cestos de revista no banheiro, que é onde devem ser lidos.

Oitava ordem; distribuição automática e proporcional de todo dinheiro movimentado pelos 200 maiores bancos do planeta; sem discussão, vem cá você Santander, pode passar essa grana toda aí pros países que você explora.

Nona ordem: Fim das guerras e destruição absoluta de toda arma de fogo. Todos os povos em guerra deveriam imediatamente entrar em acordo. Sob pena de serem mandados pra ilhas artificiais no meio do oceano com o ecossistema inverso ao favorito de cada um. Povos que amam frio viveriam numa temperatura de 45 graus. E vice-versa. E além do ecossistema, comidas e bebidas opostas ao gosto. Depois de um estágio nessas ilhas, voltariam às suas casas e recomeçariam a vida em paz.

Décima ordem: Todo cidadão teria direito (e salário extra) de torcer pro Santos. Isso aí, não quero nem saber, o mundo é meu e eu faço o que quiser com ele; Corinthianos e Flamenguistas teriam que mudar de time, sob pena de serem banidos dos estádios de futebol e de assistir qualquer jogo. E o São Paulo Futebol Clube, mudaria de nome para São Bambi Futebol Clube, nem precisa dizer o mascote do clube, né?

Bom, poderia baixar muitas outras ordens, já que seria o Dono do Mundo mesmo, findaria todas as doenças graves, a fome, a miséria, a incompreensão, a calhordice, a picaretagem, os crimes. Mas só com a décima ordem eu me daria por satisfeito.... hehehehe...

Espero que meus parcos leitores encarem tudo com bom humor....

Beijos e abraços!

domingo, 17 de julho de 2011

Por que Gaivotas a mil quilometros do mar?

Meus caros:

Sigo sem acentos e dessa vez escrevo um pouco de ficcao para uma variada.

Por que gaivotas a mil quilometros do mar?

"Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando...."

Som do MP3 numa caminhada apressada. A leste, toda a America. A oeste, perto, as Rochosas. Nunca estivera tao proximo do Oceano Pacifico. E toda sua frieza e imensidao. Mas que nao deve ser maior que a de outros oceanos em outras latitudes. Quando so se enxerga imensidao nao ha como medir tamanho. O ceu tem o mesmo tamanho do alto-mar... ocupa tudo que se ve.
Descendo as estradas de cascalho, olhava para tudo em volta e para frente. Quanto tempo mais para ver o oceano? Apesar do verao o vento soprava constante; fresco no sol, quase frio na sombra. Agradavel sensacao. Mais uma beira de estrada, conversas pequenas com gente de todos os lados. Indo e voltando. Ficando por um tempo. Nesta parte do mundo as coisas parecem assim. Pouca gente passa a vida no mesmo lugar. Todo mundo veio, esta ou vai para um lugar diferente de onde nasceu.

Mais uma rodoviaria,

"Os pisos das estações rodoviárias são exatamente iguais no país inteiro, sempre recobertos de baganas e catarros, e eles provocam uma melancolia profunda que só mesmo as rodoviárias poderiam possuir",

lembrou de Jack Kerouac e investiu em mais uma tentativa de rumar ao Pacifico. Coisa que tambem atormentou o escritor beatnik americano por um bom tempo. Obladi- Oblada explodia no ouvido e teve que pular de musica. Nem sempre a gente se sente obladi-oblada por ai. Podia ouvir algo mais denso, trocou para Bob Dylan e em tres minutos ja tinha desligado o som. Poderia ser perigoso andar por ai ouvindo tanta rebeldia. Era melhor ouvir as gaivotas chiando, nao sabia-se como, a mil quilometros do mar. Agora apenas 12 horas de onibus o separavam das verdadeiras gaivotas, com certeza menos agoniadas que as daqui.

Na rodoviaria, tomou alguma coisa rapidamente enquanto via o garcom ensinando como entornar cerveja no copo sem toca-lo. E entrou no onibus com rumo ao Oceano Pacifico. Infindaveis horas de dorme-acorda-para-come e essa absoluta falta do que fazer dentro de um onibus que nao nos deixe mareado ou acabe rapido com a bateria. Parada obrigatoria na fronteira. A mesma ladainha e nenhum problema. Chegou pela primeira vez a Costa Oeste. E rumou em direcao ao mar. A cidade nao interessava, ja nao olhava tudo ao redor. Na cabeca so a imagem da imensidao. E correu em direcao ao metro. Nao reparou nada, a visao ja ofuscada pela antecipacao do azul escuro que tantas vezes sonhou nas fotos.

Na saida do metro, pediu informacao saiu pelo portao sul, correu mais uns cinco quarteiroes e dobrou. Viu a faixa branca que dava no sonhado azul. E a beleza do Oceano Pacifico. Rapidamente, correu ate primeira palmeira disponivel. Pegou o pequeno canivete - escondido e vitorioso, tendo passado por diversas fronteiras- e habil e furtivamente escreveu:

"No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando"

Na esperanca de que quando ela passasse por ali, soubesse que o mundo era todo dele.

sábado, 2 de julho de 2011

Raulzito...



Pois hoje eu decidi escrever sobre coisas diferentes.

Desde pequeno, com meu som estereo da sanyo comprado se nao me engano nos Estados Unidos, de repente por mim mesmo, eu ouvia Raul Seixas. Nao sei como foi que comecou, mas creio que foi quando crianca ouvindo plunct-plact-zum e depois sei la como, mas ja desde o primeiro colegial ja ouvia. Meu pai tambem ouvia e gostava muito, mas nao lembro se ele comecou a prestar mais atencao depois que eu comecei a ouvir ou se vice-versa. So sei que passei meu colegial ouvindo a mosca no meu quarto a zumbizar, pensando no fim do mes andando pelos quatro cantos do mundo procurando, conhecendo o novo aeon, olhando o trem como as pedras imoveis na praia. E ate bem no meio da faculdade, junto com Beatles, era so o que eu ouvia.

Dia 28 de junho foi aniversario do Raul. Ate hoje tenho uns 12 cds do cara. Aqui comigo, em Edmonton. Nao ouco nunca. Mas nem precisa. Sei de cor 87% das musicas do mestre Raul Seixas. E agora toco umas outras tantas. Mas, cada vez mais, comeco a pensar que nada pode ser melhor que a espera por um disco novo (comprar mesmo, ate cd ou cassete, mas nao "baixar", dar um "download"), e depois ouvir ate arranhar. Eu fiz isso com todos, quase. So um ou outro que eu ouvi menos na epoca, depois viraram meus lados b perfeitos por mais uns anos. Fora os 3 ou 4 livros que eu li sobre ele.

"Você que não se deixa delirar com a lua mãe

O sol que brilha nela e que a promessa é tua luz

Enquanto os transeuntes na avenida comercial

Muito preocupados sem saber em que pensar..."

"Você está no mundo, só tem uma opção

O caminho é longo, homem

Ser feliz ou não

Queimando a consciência e a sequencia que ela traz

Momentos diferentes que confundem a tua paz.."


Raul Seixas. Quando eu trabalhava na TV Cultura eu pude dedilhar o primeiro violao do Raul, levado pelo Sylvio Passos, presidente do Fa-Clube e Raulseixista profissional. E alem disso me vesti com a capa e o cetro que ele usava nos shows. Foi um dos meus momentos mais emocionantes na TV Cultura. Isso e ver o Duofel tocando "Norwegian Wood". E o Tom Ze e o Sepultura. Bom, de qualquer forma, era isso que queria relatar. E homenagear o grande Raul Seixas.


So uma rapidinha: Eu tenho assistido o futebol feminino e eh muito massa. Tem algumas jogadoras bem talentosas, mas de vez em quando parece o futebol nosso da 8a serie; 8 pessoas na bola, chutando de um lado pro outro, chutes do meio campo que o goleiro (no caso goleira), franga, e de repente a Marta, que parece estar em outra dimensao. Corre o dobro, chuta melhor, e dribla mais que 3 outras juntas. Ela jogaria tranquilamente no lugar do Kaka no Real Madrid.


Beijos e abracos.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Trabalho, trabalho e devaneios



Pois eh, gente(sigo sem acentos), esse eh o lugar onde passo a maior parte do meu dia, todo dia, 5 a 6 vezes por semana. E fico pensando quao importante eh gostar do que se faz. A gente passa a esmagadora maior parte da nossa vida trabalhando. Alguns tem mais sorte e conseguem levar a vida "Chiquinhoscarpeando". Mas nos, simples mortais, temos que jambrar. Eu gosto muito de trabalhar em Hotelaria. De verdade. Ja trabalhei com muita coisa, mas isso eh realmente o que eu gosto de fazer. Trabalhar com gente, supervisionar uma galerinha, mas ter atencao direta ao cliente. E gosto da rotina estressante e do bom salario que temos trabalhando nisso aqui no Canada (comparando com a miseria que pagam no Brasil). Eu trabalhei muito tempo no Cinema e TV e ate tenho um pouco de saudade. Mas so um pouco. Eu me encontrei na area em que estou agora. Mas nao era sobre isso que eu queria escrever. Era sobre como dividimos nosso tempo na vida.

Eu durmo 8 horas por dia e trabalho outras 8. E tenho mais 8 horas para fazer o que eu quero. Aqui isso existe, galera! E vivo bem tranquilo com as 8 horas que trabalho. Claro que quero crescer, e ganhar mais e etcetera e tal. Mas nao quero nunca ter de trabalhar 12 horas por dia. E sabe qual a vantagem? Aqui nao precisamos trabalhar mais que 8 horas. Quase nao podemos. E se trabalhamos a hora extra eh garantida. Nada de banco de horas. Nada de trabalhar sem receber, com medo de tomar uma bica. Aqui existe vida alem do trabalho. E se voce quer trabalhar mais de 40 horas por semana, da pra juntar uma bela de uma grana! Mas dai voce nao vai conseguir se concentrar num trabalho so e subir de cargo. E eu quero subir, sempre.

Considerando as 16 horas que eu estou trabalhando e/ou dormindo, sobram 8 horas. E, enquanto a minha Debora nao chega, fico arranjando o que fazer. Quando ela estiver aqui, vou passear, ir no mall, fazer essas coisas que so tem graca quando se esta com a sua mulher. Eu passo boa parte do tempo jogando conversa fora com o meu roommate. E, principalmente, tocando violao, cantando e ouvindo musica. Por mais que eu nao seja profissa tocando, como diz o Caetano "como eh bom poder tocar um instrumento" (Tigresa). Eh mesmo. Nao existe solidao quando eu posso correr e abracar minha viola. So quem toca sabe quanto eh massa ficar buscando acordes, ou praticando alguma coisa. Ou inventando outras. Mas eh um momento de meditacao. E nao digo nem tocar e cantar, porque isso eh sempre melhor fazer em grupo, com alguem que toque melhor que eu e que me libere so pra cantar (que eh o que eu faco melhorzinho, mesmo porque "cantar eh mover o dom do fundo de uma paixao" by Djavan). Mas ficar ali concentrado nos acordes, principalmente essas harmonias maravilhosas da nossa musica brasileira.

Outra coisa esquisita. Eu gosto de tocar rock em ingles no Brasil e musica brasileira aqui na gringa. Deve ser a saudade que tenho de um ou outro lugar. E aqui eu leio pouco. Ler requer mais concentracao do que eu consigo ter aqui. Sempre tem alguma musica na minha cabeca e uma das vozes que eu tenho la dentro (e espero que tenhamos todos, ou entao pode que um dado momento eu saia vestido de napoleao ou jogando pedra em aviao e dando beliscao em tartaruga), fica cantarolando alguma musica. Ai eu levanto e pego o violao. Quero ainda ter um gravadorzinho desses bacanas pra gravar as musicas que eu componho... Nao que eu queira colocar no youtube e ficar rico e famoso. Mas so pra saber quantas sao boas e quantas sao ruins. Por enquanto, ainda nao saiu nada que mereca grandes atencoes. Mas tem umas 5 ou 6 que eu gosto, ou melhor, lembro. E como dizia John Lennon (o meu favorito, sorry Paul), se voce mesmo nao lembra das suas musicas, como quer que os outros lembrem? Por isso o gravadorzinho. Pra gravar todas. E montar meu repertorio. E tocar dentro da minha cabeca ou pra minha plateia imaginaria.

Beijos e abracos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

As curvas da estrada da vida....


Pra comecar, aviso-lhes que nao ha acentos nesse computador, ou seja, se pareco um analfa, a culpa nao eh inteiramente minha (e nao resisto a colocar um "h" junto ao "e" para dar um som imaginario de acento para diferenciar)...

Bom, isso posto, segue o post....

Impressoes sobre Edmonton e o Canada em geral.

A vida eh realmente engracada. Quando estamos pensando que as coisas nao vao acontecer, ou que no maximo acontecerao tais e quais haviamos pensado, chega a roda-viva e carrega tudo pra la... Pois eh, estou no Canada. Mas nao em Toronto. Estou so 3800 quilometros a noroeste da cidade que fez surgir esse blog. Estou em Edmonton. Pra quem nao conhece Edmonton eh a capital da provincia de Alberta, a que mais cresce no Canada e maior produtora de petroleo do pais, com todas as vantagens que isso traz. E segundo consta, o maior mercado de trabalho da America do Norte. E o salario aqui eh bem mais alto. Ou seja, quem estiver pensando em mudar pro Canada, nao pode deixar de considerar Alberta.

Falam que aqui eh muito frio. Eu cheguei na primavera e o clima esta bem tranquilo. Sendo que alguns dias fez bastante calor. Mas mesmo quando nao esta aquele calor, o clima segue bom. E a cidade eh linda, linda! Eh uma cidade moderna e bastante espalhada. Apesar de ter basicamente a mesma populacao de Campinas (entre Edmonton e as cidades bem proximas, so a capital em si esta mais para o tamanho de Sao Jose dos Campos, uns 700 mil habitantes), parece que tem o triplo. Tem trocentos shoppings, milhares de bares, inumeros cinemas e falando em shopping, um dos 4 maiores do mundo (foi o maior por 30 anos ate chegarem os chineses com essa mania de grandeza e construirem 3 maiores). Mas, de qualquer forma, o shopping eh uma loucura. Eu nao sou uma pessoa que gosta especialmente de shoppings. Na verdade o contrario. Mas o tal do West Edmonton Mall (West Ed para os locais), eh qualquer coisa de espantosa. 5500 lojas, parque aquatico com a maior piscina de ondas indoor do mundo, parque de diversoes com uma mega montanha russa, zoologico, ruas tematicas, simplesmente insano.

Outra coisa eh a natureza. Hoje andei pelo River Valley (vale do Rio Saskatchewan do Norte), que eh simplesmente lindo! Alem dos diversos passaros, coelhos (tem uns enormes de gordos e estao por todos os lados, ate na rua de casa), esquilos, veados (daqueles chifrudos de quatro patas, nao daqueles que torcem pro Sao Paulo e/ou Fluminense). Na caminhada hoje vi ate pegadas de urso! Pelo menos pareciam. Ou entao de um cachorro bem gigante. Fiquei ate com um certo medo e vazei. Mas antes disso subi uns 2 mil lances de escada (estou exagerando um pouco, mas foram pelo menos uns 250) e ter uma bela vista do rio e suas pontes daquelas de ferro, com cara de anos 30. Tudo isso a menos de meia hora de caminhada da minha casa.

Outra coisa que sempre que eu penso eu lembro do Chico Bomba. Como as pessoas aqui sao gentis. Aqui da pra comprovar que gentileza gera gentileza. Todo mundo te ajuda quando voce esta carregando trocentas malas pela rua. O motorista de onibus tem paciencia de esperar pessoas atrasadas, ainda la atras, correndo para pegar sua conducao. Eh so botar o pe na rua que todos os carros param. As pessoas tem sincero interesse pelo que voce fala. E sorriem. Nao tem pressa para quase nada. Sao ate meio devagar. Mas isso nao eh ruim. Pelo contrario. E quase nao se ve pobreza na rua. Tem um indio canadense ou outro andando pelo centro, mas sao assim porque querem, recebem muita ajuda do governo. Mas gostam de ficar inuteis, vagando pelas ruas.

Claro que ha pontos negativos. Mas ate agora nada que mereca destaque. Eu sei que o grande problema eh o inverno. Mas quando o inverno chegar eu ja estarei adaptado. E pronto pra isso. Quisera eu que todos os problemas dos paises por ai fossem um inverno rigoroso. E tem a saudade. Mas sabe, "no fundo eu sou um sentimental. Todos nos herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo". E isso vou ter que carregar, lutar contra e a favor, ouvir algumas musicas do Roberto Carlos e ligar o skype.


"Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis."

Fernando Pessoa.

Beijos e Abracos

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O bagulho é louco mas o processo é lento....


Pois é gente...Eu achei que demoraria, eu achei que seria enrolado...mas nunca pensei que seria tão lento nem tão enrolado. O processo federal tudo bem, já esperava...mas o visto provisório...Deus do céu que demora. O fato de eu ter morado em três países diferentes complica no quesito certificado de antecedentes criminais. Não que eu fosse um terrorista lá fora, mas é difícil requerer. E um eu não consegui, o espanhol. Os nossos governos (brasileiro e espanhol) não conversam bem, a embaixada brasileira na Espanha é inútil e a polícia espanhola, como o perdão pela palavra desagradável, escrota. Eu tive que escrever uma carta dizendo os motivos pelos quais não consegui o maldito atestado. Mas fiquei tranqüilo como um grilo, quando soube de uma assessora de imigração que trabalhou por 14 anos no setor de visto do Consulado Canadense, que nunca viu um brasileiro conseguir tal atestado espanhol. Meno male. Sigo na espera. Ao que tudo indica agora, só falta um documento da minha esposa chegar e já era. Esperemos. Já estive muito na expectativa. Agora como diz aquele pagode medíocre daquela banda de sétima categoria, o negócio é deixar acontecer naturalmente... E não mais ficar na ânsia da ida. Tudo indica que em maio eu vou. E logo a seguir, vai Débora.

Não aguento mais o Brasil. Aos meus amigos, fiéis leitores (será que ainda estão por aí?) que me desculpem. Mas eu simplesmente não consigo mais morar neste país. E se nada der certo e eu tiver que morar aqui, muito infeliz ficarei (como diria Mestre Yoda). Não aguento a bagunça, a falta de respeito, educação e civismo. E isso porque moro em uma das cidades mais desenvolvidas do Brasil. A economia vai bem, obrigado. O Brasil está crescendo. Mas daqui a 20 anos deve começar a ficar decente. Quem nunca saiu do Brasil pode ser que discorde, brigue, não aceite. Mas quem já passou mais de um mês em um só país desenvolvido (20 países em 18 dias não vale), sabe do que eu estou falando. A falta de educação e civismo é endêmica nesse nosso país. Aliás, tem gente que diz: Como você vai conseguir viver fora do "seu país"? E eu respondo: o que o meu país fez por mim? No que me ajudou? A educação foi gratuita? A segurança idem? Médicos excelentes a custo zero? Ajuda para buscar emprego ou financiar estudos? Nada. Eu amo ser brasileiro. Amo muitos brasileiros. Mas com perdão do meu português esculachado, eu estou cagando pro Brasil.

A minha pátria é a minha língua, como diria Fernando Pessoa. Eu tenho orgulho da cultura e música do Brasil (as verdadeiras, não os Paulos Coelhos e Ivetes Sangalos da vida). Tenho orgulho do cinema (a mesma situação acima). Tenho orgulho da capacidade do povo de sorrir diante das mazelas e da nossa simpatia . Mas do país em si, não tenho nada que me orgulhar. Ainda. Penso que estamos no caminho certo. Mas sem uma política pública que realmente valorize a educação estaremos fadados ao insucesso. Outra coisa: a idéia do governo de usar o dinheiro do petróleo como uma espécie de poupança para o povo brasileiro, pode ser a nossa única saída. Os políticos pilantras e nojentos do congresso (principalmente os do Rio de Janeiro, maiores interessados), querem royalties para fazer mais obras para agradar a massa medíocre. Para quem está por fora, a Noruega faz a tal "poupança" e o dinheiro que tem é do rendimento dessa "poupança", exatamente como quer o nosso governo. Países decentes fazem isso. Se o congresso ladrão brasileiro vencer essa queda de braço e distribuir o dinheiro para os Estados (leia-se governantes ladrões), aí é que eu não volto nunca mais a morar no Brasil (aquele "nunca mais" teórico, de raiva que pode sempre mudar, mais que a média, eu sou uma metamorfose ambulante).

É isso. Um pouco de desabafo, um pouco de raiva da situação e da ansiedade monstra que eu estou vivendo. Mas eu penso tudo isso mesmo que eu descrevi aqui. Claro que quando moramos fora, dá aquela saudade do "Brasil". E nunca, nunca eu falo mal do Brasil quando estou fora. Falo das maravilhas, do povo e de tudo. Não existe nada mais feio que alguém falar mal do seu próprio país quando fora. Mas o "Brasil" que eu sinto falta é o meu Brasil. Minha família, meus amigos, meu Santos. No mais "Meu endereço é o sítio estrelado de norte a sul/Ele muda a cada estação/Na boca do sertão, na varanda do seu olhar/Onde estou, a minha casa está", como diria Samuel Rosa.

Beijos e abraços

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Raul- Passou sorrateiro por esse mundo e foi deixar o céu felino muito mais elegante



Doze anos de elegância, miados sonoros, passagens sorrateiras por todos os cômodos da casa. Suavidade no andar. Olhar um pouco enviesado. Dizia palavras: Paulo, Raul, Mãe... Só quem conheceu acredita. Quem não conheceu, perdeu. Abro esse espaço no meu blog, tão abandonado, para homenagear quem meu pai sempre chamou de "entidade felina"; Raul ( Raul Jungmann para meu pai, Ícaro para minha irmã, Ukki para minha mãe).

Um gato como deveriam ser todos: soberano e magnânimo. Sempre com suavidade, quase imperceptível, preto e branco e grande. Forte e em forma. Carinhoso na hora certa (quase sempre a de comer, como são pilantrinhas os gatos). Passou por uma mudança de casa e cidade, mas continuou na sua velha forma. Falava, conversava, reclamava. Geralmente em busca de comida. Exímio gourmet, gostava de ração boa e peito de peru.

Na juventude um fanfarrão brigão; saía de casa de noite ficava de boemia e brigas pelo bairro. Chegava na manhã seguinte miando e pedindo cuidados: arranhado, mas com pose de vitória. Foram intermináveis batalha noturnas até cortarmos suas gracinhas. Mas ao contrário de outros gatos castrados, ele não engordou. Sempre preocupado com a sua forma. E com seu peito de peru, como ele adorava peito de peru... Mas ficou mais caseiro. E nem por isso menos misterioso... Isso, se pudesse definir a "entidade felina" numa palavra seria essa: misterioso.

Passou por uma situação extrema nesse natal. Deixou a todos preocupados e minha mãe louca. O coitadinho quase morreu, por algum motivo misterioso. Foi um ensaio duro e triste para o que veio ocorrer há dois dias: Raul foi desfilar sua elegância no céu dos gatos. Onde com certeza hão de respeitá-lo como respeitavam aqui na Terra. Nenhum dos nossos outros gatinhos por aqui se metiam com ele. Nem Pâmela, nossa cachorrinha, que aliás dividiu muitas tardes de observação do mundo através da janela da sala...

Já muito foi cantado sobre como os bons morrem jovens. Raul já não era tão jovem, mas tinha muita estrada pela frente e era muito bom. Mas quis a vida, o destino, Deus, Buda ou simplesmente a mãe natureza, que ele fosse mais cedo. E deixou aqui muita tristeza no coração de quem assistiu sua elegância, malandragem, carinho e suavidade.

Faço aqui um arremedo de poema em honra do gato mais elegante que o mundo já conheceu. Raul Jungmann Ícaro Ukki;

Patas róseas que quase não pisam o chão
Sorriso felino irônico e muita conversa...
Suave balanço, andar de John Wayne...
Lá se foi Raul

Preto e branco como um bom gato
Fortes pernas saltando muros
Palavras inacreditáveis desferidas
Estrabismo leve e encantador
Lá se foi Raul.

Respeito dos outros felinos
Respeito até de cães...
Juventude transviada
Loucura por peito de peru...
Lá se foi Raul.

Corações partidos pelo caminho
Lágrimas de saudade de quem o viu miar
Tristeza da ausência inesperada
Na nossa história sempre ficará
Lá se foi Raul


Esse blog voltará em breve às operações. Por enquanto estamos de luto. Lá se foi Raul...

Beijos e abraços